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O que nos une em torno de um ideal?

Fonte da foto: http://meucriadomudo.wordpress.com/2009/06/29/classe-unida/

O que nos une em torno de um ideal[1]

Um inconsciente instinto de dominação da verdade nos cerca cotidianamente. Na igreja, o padre permite a confissão ao fiel e lhe diz o que fazer para pagar os pecados (como se fosse assim tão simples), nas noitadas os amigos tentam convencer o companheiro de que se beber será mais divertido (inútil tentar achar que só existe deus Dionísio[2] e que seu culto não é, se não, em torno de parábolas), no culto protestante o pastor tenta expulsar o que chama de demônio e quer te converter à qualquer custo (como se mudanças ocorressem do dia para a noite), na rua o emo impõe seu estilo, o cowboi se identifica com o nariz um andar acima dos outros e as madames ditam o que é moda perto de tanta gente que não tem tempo para supérfluos excessivos.

A verdade é que também quero ditar minhas verdades. Não existem meias verdades, existe uma multidão de verdades que consideram o ângulo, o grau, o contexto, o histórico e tudo mais.

O problema é que não nos satisfazemos com nossas verdades para nós mesmos, sempre queremos impô-las aos outros, no mundo todo, se possível. Para isto usamos a persuasão e técnicas de convencimento e angariação de público, para isto vale tudo: fingir, falsear, obrigar, berrar, pagar, criar processos...

O diálogo entre as verdades é sempre produtivo se observarmos a dialética de Marx[3], por exemplo. Ledo engano é tentar convencer sobre sua verdade sem mostrá-la de fato, tentando alcançar os mundos alheios e dominá-los. Pink e Cérebro nunca conseguiram dominar o mundo.

Quantas vezes com fins religiosos o líder promove festas com guitarra, bateria, cerveja e acompanhamentos para, segundo eles, “atrair os jovens, porque tem coisa de jovem”. Gritante engano! Atrair os jovens para perto, conseguem, mas não para perto do ideal, que seria o objetivo. Se sua verdade é cuidar do meio ambiente acima de tudo, então utilize seus discursos sinceros, os que têm ouvidos para ouvir, escutarão. Se sua vontade é esgoelar-se no rock’n’roll, não faça papel de bom moço. Se quer ter amigos, não instigue inimizades, cada inimigo tem vários amigos e estes são menos umas oportunidades para serem seus amigos também.

Enfim, não dissimule nem dissolva suas verdades para moldar-se a nada! Seja flexível você, para respeitar verdades alheias, mas emita as suas com sinceridade, que a dialética se faça. Pois o que nos move em torno de um ideal é o sentimento recíproco entre as verdades.


[2] Ver mitologia.

[3] Karl Marx revolucionou os ideais sociológicos desde sua época e convoca conflitos até hoje.

Um comentário:

  1. Olá João. Seu texto começou penso eu a se encontrar com minhas idéias também. Esse assunto que expuseste é muito mais do que filosofo.

    Impor nossas vontades aos outros é algo que exige cuidado das duas partes, ou então rechassamento mesmo.

    Cuidado quando há respeito e rebeldia quando não há muita opção, minha opinião.

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