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Rock e Paz? Relato pessoal sobre um festival

Queimem as bruxas. Lançai-as ao fogo! Se não tens o aparato de vidro, seja o primeiro a tacar pedra.

Quem observa os trajes e atitudes de roqueiros, por vezes espanta-se e julga até mesmo antes do primeiro olhar. Os mais religiosos, às vezes, amaldiçoam e incitam que “é coisa do diabo”. Pois afirmo neste ensaio que isto é falácia do senso comum.

Como estou presente em diversos prismas que lançam olhar sobre o cotidiano (pois sou roqueiro, religioso, ambientalista e militante político) me vejo entre aparentes contradições. Eu que tanto busco a paz também sou visitante frenético em shows de rock. Observo fatos por todos os prismas há algum tempo e ontem, no retorno do Festival Vaca Amarela na Estação Goiânia para casa de taxi, às quatro e meia da madrugada, o taxista confirmou o que eu disse perguntando: “Eu vejo cada cara cabeludo, cheio de tatuagens e com piercings saindo daí, nisto num dá briga não? Não é perigoso?”

Vou relatar o que eu vivo no underground da música goiana: Música boa e música ruim, mas que fica boa pela harmonia do ambiente; Pessoas verdadeiramente livres que se vestem como querem, falam o que pretendem e agem como bem entendem e ninguém olha torto por isto; Bandas que se doam ao público numa espécie de rito amigável; Apologia ao “drogas, sexo e rock’n’roll” que, mesmo que inconscientemente incitam por pureza, amor e rock’n’roll. Tudo é contraditório? Mas é assim que eu vivo isto.

Vejo rodas punk (no interior de rodas formadas durante músicas mais agitadas, as pessoas pulam como querem e se chocam de acordo à batida, como se desafiassem-se) e nelas não vejo se não equalização de energias e respeito. Nunca presenciei, aqui em Goiânia, alguém que ao menos tivesse se machucado. É somente diversão que extrapola energias de quem tem muito o que doar ao mundo. E vejo tamanho respeito nisto, pois, vi várias vezes, alguns caírem enquanto se chocavam e o que acontece? Passam por cima? Não, todos ao redor param e ajudam a levantar e a roda segue.

Nestes lugares, vendem-se muitos livros consagrados e clássicos, roupas artística e manualmente produzidas e manifestações culturais diversas. Sinal de que ali há muita gente que preza por paz, é politizado, inteligente, educado etc. Não canso de tecer elogios.

Respondi ao taxista: “Pelo contrário. O pessoal é da paz.” Uma amiga se surpreendeu quando eu disse que gosto de rock e fui ao Festival ontem, pois sou calmo. E eu explico: Tudo deve manter-se equilibrado. Só sou calmo no dia-a-dia porque tenho uma boa válvula de escape. O Rock me permite isto.

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