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Elucidando o progresso

O ser humano idealiza movimentos maquinais sem perceber, ao mesmo tempo a máquina é produzida com a idealização de ser humana. Quando alcançarmos os ideais nas duas focalizações citadas afrontaremos obrigatoriamente o questionamento que se resume a uma palavra: “Por quê?” Simplória e complexamente assim, sem complemento predicado, tão amplo problema.

Fomos automotivados a progredir por uma ânsia agonizante que preza inevitavelmente pela ação. A curiosidade impulsiona novas experiências, a força nos inspira confiança, a intuição guia-nos em direções dialéticas até que acabamos por transformar também o pensamento em ação. Este é o foco elucidatório.

Já avistamos que nos tempos primitivos nossos ancestrais tinham muito por descobrir. E descobriram. Foi-se formando o conceito de sociedade já na própria estrutura organizacional. Na era industrial não havia sombras de dúvida de que existimos para progredir e o progresso era alcançar os objetivos de atender as necessidades e as vontades de todos humanos. Hoje, como diria Bauman, estamos viajando constantemente num avião sem piloto e a cabine vazia apavora a todos, ou seja, estamos desnorteados em busca do objetivo comum.

Alguns estudiosos apontam que vivemos numa era chamada Pós-modernidade onde o progresso é o bem-estar e este último é passageiro e mutante, portanto o progresso tornou-se variável e não precisa mais de metas claras e objetivas. Outra característica importante é a perca do sentido de sociedade, fato culminado pelo individualismo.

Vários teóricos problematizam majestosamente todos estes aspectos. Bauman chama a atenção quando menciona o termo “agência” designando o “piloto” que dirige as metas da sociedade e a impulsiona ao progresso. Quer dizer que não temos um guia comum nestes momentos de diversidade gritante, como tivemos antigamente com a igreja católica, com os grandes ditadores militares ou com idealizadores anarquistas.

Afinal, já conhecemos bastante coisas e o mais interessante é que sistematizamos as experiências que tivemos através da história, o que permite-nos, hoje, observar os critérios inatos de nossa ação e que forma o que chamamos de sociedade.

Sem guias nos desvencilhamos de objetivos comuns e encontramos individualmente causas dispersas que são nossos novos motivos para agir. A observação de nosso trajeto histórico permite deduzir que estamos confeccionando um ciclo que vai e vem na ordem social, ora somos massa e nos tratamos como indivíduos, ora somos indivíduos tratados como massa. Nossa fase é de redescobrimento da ordem social e isto se reflete nos novos espaços de organização que montamos atualmente, onde começamos a unir as pequenas causas e identificar novas causas maiores que podem unir estas outras e assim vão se consolidando, fortalecendo e enriquecendo as redes sociais que representam grandes passos rumo ao “progresso” uma vez que os laços se fortalecem em “nós” bem dados e conexões ágeis. Parece que descobrimos para onde ir.

Mesmo assim ainda falta saber “por quê?” Por quê de tudo isto? E se todos ficássemos parados sem comer, beber, só dormir? Por quê temos que agir? Qual a causa maior que as causas maiores já encontradas até hoje? E para onde os vários progressos já nos levaram e nos levam? Inúmeras perguntas causam desastrosas respostas, mas vale refletir ao menos para gerar mais “perguntas labirinto” – complexas e sem saída.

É, sei que dá vontade de gritar, mas que tal gritar algo que vale a pena? Bradar sempre trás aprendizados e novas experiências nos permitem novas sistematizações, que por sua vez elucidam mais ainda o “por quê” que indica “para onde”. Como ninguém vai topar dormir eternamente e desistir desta loucura real de agir por agir, é hora de tornar a ver o mundo e perceber tudo que há ao redor, perceber-se um ser unimultiplo e “progredir”.

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