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Desprendimento dos bens terrenos


“Ensaios de Paz” surgiu em julho de 2010 com o objetivo de prática e conexão filosófica com o transcendente em que acredito. Leia mais em Autor do Blog. Por fim, seis meses se passaram sem postagens até hoje, momento em que compartilho o conteúdo reescrito do comentário que tive a oportunidade de proferir no Centro Espírita Luz da Verdade, em Palmelo (GO), no dia 11 de janeiro de 2012, com base na leitura “Desprendimento dos bens terrenos”, do Evangelho Segundo o Espiritismo.
Destaquei os principais tópicos no texto para facilitar a leitura dinâmica.

Fator primordial na vivência espírita é o desprendimento dos bens terrenos, ou seja, a priorização da vida espiritual.
Conta-se que um viajante nos tempos remotos procurou pouso na casa de um monge, que humildemente o recebeu. Ao adentrar, o andarilho repara a ausência de móveis e pergunta:
- Monge, onde estão teus móveis?
- Onde estão os teus?
- Ora, obviamente não estão aqui, pois estou só de passagem – retruca o viajante.
- Eu também.

Sabiamente o monge nos classifica como viajantes no planeta Terra. Ao refletir nesta pequena história, podemos observar a contribuição da doutrina espírita, que nos incita novo olhar diante da vida, convidando-nos a uma reavaliação total de nossas prioridades.
O que é prioridade nossa hoje? Trocar o carro por um mais novo ou transportar o necessário? Vender e gerar riqueza ou atender com o que temos aos que nos buscam? Cantar para fazer sucesso ou cantar para harmonizar corações? Enfim, acumular riquezas materiais ou dispensar o que temos em fazer de nós mesmos e dos outros a caminho da regeneração?
Por mais que variem os cultos sobre o que existe além da morte, todos concordam, racionalmente, que os bens materiais não nos acompanharão. A caminho da regeneração, a união entre espíritos é a única possibilidade e o apego às posses é o maior entrave.
Tal como descartamos as frutas podres de uma árvore, podemos fazer com o apego aos bens terrenos e demais entraves. No entanto, cabe maior reflexão a fim de alcançar a raiz defeituosa, podá-la e plantar sementes saudáveis. Explico: Tanto a avareza quanto a prodigalidade são dois extremos frutos do egoísmo, a raiz regada por nossa invigilância. A nova árvore que deve ocupar seu lugar é a caridade.
Se considerarmos que todos os bens não passam de um empréstimo de Deus, basta fazermos a comparação: quando temos uma dívida com quem quer que seja fazemos questão de restituir-lhe e, muitas vezes, acrescentamos algo mais como agradecimento pelo auxílio prestado em momento anterior. E quanto ao empréstimo divino que são todas as coisas? E o algo mais que podemos trazer? Cabe a cada um a reflexão. A consciência sabe o que fala a cada um.
Riqueza e pobreza são duas provas distintas. O Evangelho diz que o rico deve “dar sem ostentação para que o pobre receba sem baixeza” e intitula-nos como dispensadores inteligentes dos recursos ao nosso redor.
Nesta tarefa, podemos dar o peixe ou ensinar a pescar, a velha analogia. A doutrina espírita incentiva a dar o peixe enquanto ensina a pescar, caso contrário o pescador iniciante morrerá da fome de sua necessidade antes mesmo de aprender a pescar.
“Faça o que eu fiz” é expressão de orgulho, dito da boca do rico que se considera superior aos que lhe querem seguir o exemplo.
Nosso juiz está dentro de nós: o conhecemos por consciência. Para burlarmos nosso próprio sistema interno, geralmente criamos disfarces para o apego aos bens terrenos:
- Chamamos de economia e previdência o que na verdade é cupidez, avareza, sovinice ou mesquinhez;
- Tomamos por generosidade o que não passa de negligência, esbanjamento, indiferença e prodigalidade.
Confira a história do Voto de Desapego.
O Evangelho nos diz que abdicar do que possuímos é mendicância voluntária que gera peso social, egoísmo pois isentamo-nos da responsabilidade da fortuna e renúncia ao bem que se pode fazer.
Cabe diferenciar desprendimento de desleixo. O primeiro significa não estar preso aos bens materiais e o outro seria deixar de cuidar dos bens que lhe foram emprestados.
Nas reuniões espíritas, é comum que espíritos apegados se manifestem alegando quadros de prisão à matéria, quando sentem a deterioração do próprio corpo ou veem decompor os objetos que lhe eram afeitos.
O que há em comum entre possuir e não possuir, quando os bens materiais são nosso motivador principal da vida? Se possuímos, esbanjamos obrigando o reconhecimento ao nosso orgulho. Se não, somos revoltados e temos inveja de quem possui. Nas duas situações somos infelizes.
Até os céticos devem concordar que o homem sofre muito mais pelo supérfluo que pelo necessário. Se não temos expectativas do supérfluo, qualquer extra à necessidade primeira nos é motivo de alegria.
“Quem se aflige pelo que não tem não sabe viver com alegria, nada tendo e tudo possuindo” – Irmão José / Carlos A. Baccelli (Vigiai e Orai).
Em nosso planeta de provas e expiações, por meio da riqueza ou da pobreza, o espírito pode provar sua virtude. No planeta de regeneração o espírito virtuoso acata a riqueza ou a pobreza para corrigir em si mesmo suas faltas pendentes.
Nesta palestra, declamei Notas da Sovinice (Cornélio Pires).




Um comentário:

  1. Concordo em gênero, numero e grau, é uma pena que poucos pensam assim, todavia,más faz parte de nossa evolução, vamos caminhando devagar más sempre, um dia é chegado a hora de cada um de nossos irmãos e nós mesmos ir atingindo o seu degrau rumo a verdadeira patria......, muito bom seu texto, gostei,
    José Freire

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